Estamos no final do mês da Bíblia. Já nos diz São Jerônimo: “Quem não conhece as escrituras, não conhece o poder de Deus, nem a sua sabedoria. Ignorar as Escrituras significa ignorar Cristo.” As Escrituras, juntamente com a Tradição cristã, nos dão o maior testemunho da vinda do Cristo. No entanto, é o próprio Jesus que é a Palavra de Deus, pois foi por Ele que tudo o que se dizia nas escrituras foi realizado. Há quem confunda Bíblia com Verbo de Deus. Sobre isto o Catecismo da Igreja Católica nos fala: “A fé cristã não é ‘uma religião do livro’, mas da palavra de Deus, que não é ‘uma palavra escrita e muda, mas o verbo encarnado e vivo’(São Bernardo de Claraval)”.
Afinal, qual a importância da Bíblia na vida em comunidade e na vida individual do cristão? Bento XVI nos diz que “Somente a palavra de Deus pode transformar profundamente o coração do homem, e por isso é importante que com ela entrem numa intimidade cada vez maior os fieis individualmente e as comunidades”. De fato, é impressionante ver o crescimento de uma comunidade que estuda a Bíblia, e mais ainda, que vive concretamente seus ensinamentos. Não é a toa que o Senhor ordena referindo-se às palavras de seus mandamentos, “enculca-as a teus filhos, Israel, delas fala em casa, andando pelo caminho, ao te deitares e ao te levantares”. Eu comecei a me apaixonar pela Bíblia aos 14 anos. Desde aí comecei a enxergar com mais clareza o amor de Deus na minha vida, ao ler as palavras de amor que Ele nos deixou, os milagres que realizou e toda a história de salvação que traçou para nós.
Existe um mito de que os católicos não leem a Bíblia. Seria mais pertinente reformular para “existem muitos católicos preguiçosos que não leem a Bíblia”. Salvo aqueles que não sabem ler, é importante que tenhamos intimidade com aquilo que devemos anunciar. Como diz o nosso papa: “Alimentar-se da Palavra de Deus é tarefa primária e fundamental da Igreja. Com efeito, se o anúncio do Evangelho constitui a sua razão de ser e a sua missão, é indispensável que a Igreja conheça e viva aquilo que anuncia, para a sua pregação seja credível, não obstante as debilidades e as pobrezas dos homens que a compõem.”
Sou catequista de crianças entre 6 e 8 anos na paróquia, e neste mês apresentamos uma porção de histórias da Bíblia a elas, sempre relacionando a história com a nossa vida, ao que elas foram bem receptivas. Achei interessante que na aula seguinte até conseguiram reproduzir algumas histórias. Isso é importante, pois elas começam a perceber o poder de Deus sobre nossas vidas, nos testemunhos. Se uma criança não conhece a Bíblia, não é erro da Igreja, mas sim dos catequistas ou dos próprios pais, principalmente.
Devemos, todavia, ter muito cuidado ao ler a Bíblia, a fim de que não a interpretemos segundo como desejamos ou segundo uma ideologia. É necessário, antes de tudo, ler na presença do Espírito Santo, que é seu autor, e segundo estes critérios (tirados do nosso Catecismo):
- Atenção ao conteúdo e à unidade de toda a escritura [enxergar a leitura em seu contexto];
- Leitura da escritura na tradição viva da Igreja;
- Respeito a analogia da fé, ou seja, coesão das verdades da fé entre si.