Quem tiver notado em si mesmo esta espécie de centelha
divina que é a vocação artística – de poeta, escritor, pintor, escultor,
arquiteto, músico, ator... -, tem a obrigação de não desperdiçar este talento,
mas de o desenvolver para colocá-lo a serviço do próximo e de toda a
humanidade.
Assim disse o Beato João Paulo II, na belíssima Carta do Papa João Paulo II aos Artistas [clique] (1999). Qualquer pessoa, como eu, que tenha
este impulso à arte, irá amar ler esta carta que nos dá profundas inspirações
para não deixar escondida nossa capacidade inventiva e artística. Ele se dirige
“a todos aqueles que apaixonadamente procuram novas ‘epifanias’ da beleza para oferecê-las
ao mundo como criação artística”, sejam cristãos ou não.
Ao longo da história da Igreja procurou-se exprimir o
verdadeiro através do belo, por meio das belíssimas Basílicas, dos cantos, das
imagens. Assim, o Papa ressalta a importância da arte na História da humanidade e
na transmissão da mensagem de Cristo. Mostra, além disso, o quanto o tema
religioso esteve presente na história da arte, de tal forma que ela ficaria
empobrecida sem o manancial do Evangelho, haja vista que tantos artistas
famosos usaram dessa temática para suas composições, a saber: Bach, Mozart,
Schubert, Beethoven, Verdi e tantos outros de outras áreas artísticas.
A carta mostra a relação entre o criador (que dá origem) e o
artífice (que transforma o já criado); todo homem é chamado a ser artífice,
pois a ele foi submetido “o mundo visível como um campo imenso para exprimir
sua capacidade criativa”. Da mesma forma, a carta mostra a relação entre o bom e o belo:
Deus percebeu que sua criação, além de boa, era bela, no sentido de que “a
beleza é a expressão visível do bem”.
Ainda no espírito do Concílio Vaticano II, o então Papa
reforça o incentivo à arte na vida da Igreja, pois os padres conciliares já
sublinhavam a grande importância da literatura e das artes na vida do homem. A história da nossa Salvação já deu e continua nos dando muitas fontes de inspiração para a arte: o próprio Verbo encarnado, Deus feito homem, a Virgem Santa, a "toda bela", as narrações da criação, do pecado, do dilúvio, do êxodo até a paixão e ressurreição do Senhor, pentecostes e os acontecimentos previstos no Apocalipse.
“Ninguém
melhor do que vós, artistas, construtores geniais de beleza, pode intuir algo
daquele pathos com que Deus, na aurora da criação, comtemplou a obra das suas
mãos. Por isso, quanto mais consciente está o artista do dom que possui, tanto
mais se sente impelido a olhar a si mesmo e para a criação inteira com olhos
capazes de contemplar e agradecer a Deus seu hino de louvor.”
Você, artista, em especial o artista cristão, não deixe ler [comprar]! A paz de Cristo.