quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Quarenta dias de Quaresma!


     Iniciamos hoje os santos quarenta dias da quaresma, e convém-nos examinar atentamente por que razão esta abstinência é observada durante quarenta dias. Moisés, para receber a Lei pela segunda vez, jejuou quarenta dias (Ex 34,28). Elias, no deserto, absteve-se de comer durante quarenta dias (1Rs 19,8). O Criador dos homens, ao vir para o meio dos homens, não tomou qualquer alimento durante quarenta dias (Mt 4,2). Esforcemo-nos também nós, tanto quanto nos for possível, por refrear o nosso corpo pela abstinência neste tempo anual dos santos quarenta dias [...], a fim de nos tornarmos, segundo a palavra de Paulo,"uma hóstia viva" (Rom 12,1). O homem é, ao mesmo tempo, uma oferenda viva e imolada (cf Ap 5,6) quando, sem deixar esta vida, faz morrer nele os desejos deste mundo.



     Foi a satisfação da carne que nos levou ao pecado (Gn 3,6); que a carne mortificada nos leve ao perdão. O autor da nossa morte, Adão, transgrediu os preceitos de vida comendo o fruto proibido da árvore. É, por conseguinte necessário que nós, que fomos privados das alegrias do Paraíso pelo alimento, nos esforcemos por reconquistá-las pela abstinência.

     Mas ninguém suponha que esta abstinência é suficiente. O Senhor disse pela boca do profeta: "O jejum que Eu aprecio é este, [...] repartir o teu pão com o esfomeado, dar abrigo aos infelizes sem asilo, vestir o nu, e não desprezar o teu irmão" (Is 58,6-7). Eis o jejum que Deus aprova [...]: um jejum realizado no amor ao próximo e impregnado de bondade. Prodigaliza, pois aos outros daquilo que retiras a ti próprio; assim, a tua penitência corporal permitir-te-á cuidar do bem-estar físico do teu próximo em necessidade.

São Gregório Magno (c. 540-604), 
Homilias sobre os evangelhos, nº 16, 5
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