sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Tempus Fugit

     Hoje assisti ao filme Toy Story 3. É realmente um ótimo filme. Toda a história dessa série me impressionou pela profundidade da mensagem passada ao espectador: a amizade é uma das coisas mais importantes, e também, amigos de verdade ficam sempre juntos. O fim do filme me fez chorar bastante ao imaginar que assim como aqueles brinquedos viveram bons momentos ao lado de seu dono, e agora já vivem somente na lembrança daquele tempo, assim eu também vou no futuro olhar para trás e desejar ter de volta alguns momentos. O filme me marcou não só pela busca dos brinquedos por reviver a infância de seu dono, também por que é nesse terceiro filme que Andy sai de casa para morar sozinho e estudar na faculdade. Tudo me fez pensar nesse tempo que vivo agora, o fim de uma etapa que sem duvidas foi muito feliz, mas que chega ao fim.

     Vivemos em busca da maioridade e de seus benefícios. Buscamos ser maiores quando crianças, pois assim poderemos sair sozinhos. Buscamos na pré-adolescência ser logo adolescentes para ficar até mais tarde na casa do amigo ou poder namorar. Na adolescência buscamos a maioridade para finalmente ter a 'independência'. Quando a alcançamos, recebemos a responsabilidade que um adulto carrega, as pessoas esperam que você aja de forma responsável, que não erre, não chore, não hesite. Então olhamos para trás e vemos que não vivemos tão intensamente o tempo de inocência que nos foi dado por Deus. Bate a saudade, desejo de poder voltar para aquela época, vontade de poder ter de volta seus brinquedos, seus amigos de rua... É por isso que somos infelizes, passamos tanto tempo correndo atrás de nossos objetivos, passamos noites em claro estudando para a faculdade, deixamos de viajar para cumprir as metas no emprego, ficamos até tarde trabalhando para ter um extra no final do mês. Então a vida passa, o tempo passa, e quando nos damos conta, tudo passou, a chance de ser feliz naquele tempo já se foi, e nós o deixamos ir. Olhamos no espelho, nos vemos velhos demais para viver o que deveríamos ter vivido no passado, e justamente agora que temos tempo e dinheiro para viver, depois de ter conquistado a vida que sempre desejamos! Então recebemos o troféu da culpa. Eis nosso prêmio, a angústia por nunca mais poder rever amigos que já se foram, dar aquele abraço nos nossos pais, deitar a cabeça no colo da mãe ao chegar cansado de um dia duro de trabalho e estudo, simplesmente sentar ao lado da família e não fazer nada.

     Não me desespero por causa disso, mas me sinto extremamente triste por saber que não terei todos que amo comigo durante toda a minha vida. Sei que um dia meu pai e minha mãe irão morrer. Alguns de meus amigos já faleceram. Meus brinquedos e minha infância ficaram na cidade onde cresci. É duro carregar consigo a noção de que o tempo passa, mas prefiro saber disso e poder viver meu hoje, tirando dele cada gota possível de vida enquanto estou aqui, no meu hoje, pois amanhã senhores e senhoras, nenhum de nós estará mais aqui. Não vou terminar com uma frase de efeito que os façam tentar mudar de perspectiva quanto a vida, isso seria tolo, mas recomendo firmemente que se deixem tocar pelas pequenezas do dia a dia, como um filme sobre brinquedos, que no fundo provoca mais do que simples gargalhadas. Paz e Bem.

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