sábado, 18 de fevereiro de 2012

Carnaval é uma festa cristã?

   Durante todos os meus anos, minha família sempre foi a festas de carnaval para olhar os blocos, as fantasias, as bandas, dançar e brincar. Minha mãe, até hoje, faz roupas com o mesmo tecido para nós vestirmos e formarmos um pequeno bloco. Eu me divertia porque a gente brincava de arminha de água, confete, espuma, estas coisas, e os blocos eram, ou são, bonitos de ver.

    Lembro também que, desde que eu era pequena, boa parte das músicas, ou todas, tinham sentido pejorativo e eram distribuídos preservativos pelas ruas. Eu não entendia muito bem, mas estava ali com minha família, então para mim estava tudo bem. Hoje, minha família ainda vai para estes lugares, e me questiono se realmente faço o bem em acompanhá-los. Li algumas postagens e pregações de santos da Igreja sobre isso, e vejo que, de fato, mesmo que não estejamos pecando diretamente nestas festas, seja bebendo, seja semi-despidos, seja pecando contra a pureza do próprio corpo, pecamos por conivência, cantando as músicas de conteúdo obseno, dançando-as, permitindo que os olhos vejam as obsenidades sem se escandalizarem, e até  rindo quando todos o fazem.

     Observa-se o quanto os próprios que se dizem católicos pecam nesta época. Hoje vimos uma senhora com uma camisa do festejo de Nossa Senhora da Conceição e com uma bandana escrito "use camisinha!". Muitas pessoas estavam com a tal bandana, mas nesta senhora a contradição foi bem notável. É de se esperar a relação tão forte que se faz entre preservativos e carnaval, já que é a "festa das carnes".

   São Vicente Ferrer dizia: “O carnaval é um tempo infelicíssimo, no qual os cristãos cometem pecados sobre pecados, e correm à rédea solta para a perdição”.

      Olhe também o que Santa Faustina Kowalsca escreveu sobre o carnaval:
    
   "Nestes dois últimos dias de carnaval conheci um grande acúmulo de castigos e pecados. O Senhor deu-me a conhecer num instante os pecados do mundo inteiro cometidos nestes dias. Desfaleci de terror e, apesar de conhecer toda a profundeza da misericórdia divina, admirei-me que Deus permita que a humanidade exista" (Diário, 926)."

     E repare-se que na época dela o carnaval não era nem a metade do que é hoje em dia!

    Já lendo este trecho da carta de São João Crisóstomo à Filotéia, sinto-me no lugar desta. Ele a adverte a respeito do perigo dos bailes:

     "As danças e os bailes são coisas de si inofensivas; mas os costumes de nossos dias tão afeitos estão ao mal, por diversas circunstâncias, que a alma corre grandes perigos nestes divertimentos. (...) Se em alguma ocasião, não podendo te escusar, fores coagida a ir ao baile, presta ao menos atenção que a dança seja honesta e regrada em todas as circunstâncias pela boa intenção, pela modéstia, pela dignidade e decência, e dança o menos possível, para que teu coração não se apegue a essas coisas. (...) Ó Filotéia, esses divertimentos ridículos são de ordinário perigosos. Dissipam o espírito de devoção, enfraquecem as forças da vontade, esfriam os ardores da caridade e suscitam na alma milhares de más disposições. Por estas razões nunca se deve frequentá-los, e, no caso de necessidade, só com grandes precauções." 

     Repare-se novamente que naquela época as danças eram só de pegar na mão.

    Se engana quem acha que só porque é carnaval, então podemos ter um comportamento diferente diante de Deus. São Pedro Claver disse, em um diálogo: "vamos à igreja rezar por esses infelizes que, lá fora, julgam que têm o direito de ofender a Deus livremente por ser tempo de carnaval."

     O ideal mesmo para nós, cristãos, é irmos para algum retiro espiritual nesse período, ou então permanecer em oração, ir à Santa Missa, rezar o terço, fazer a oração das horas e fazer adoração ao santíssimo, todos os dias, quando possível. Sei que nem sempre é possível todas estas coisas, pois no meu caso não será.  Mas se eu não fizesse estas advertências, estaria sendo hipócrita. Mas o quanto pudermos evitar olhar a televisão nesta época, ou evitar cantar as músicas, ou evitar sair de casa, melhor. Ou como São João Crisóstomo disse à Filotéia, se não se pode recusar em ir, hajamos sempre com prudência.


     Santa Teresa dos Andes escreve: “Nestes três dias de carnaval tivemos o Santíssimo exposto desde a uma, mais ou menos, até pouco antes das 6 h. São dias de festa e ao mesmo tempo de tristeza. Podemos fazer tão pouco para reparar tanto pecado…” (Carta 162).

     Já vi na televisão um tal padre que inventou uma Missa com ritmo de samba, e tinha até um Bloco do Espírito Santo! Como se a Missa precisasse dos temperos do carnaval para atrair de verdade os jovens para Deus. Uma tia minha reclamou certa vez que uma Igreja evangélica fazia um bloco de carnaval, mas só a Igreja Católica que não fazia estas coisas. Às vezes se acha que só podemos encontrar Deus no calor das emoções, mas nem sempre é assim. Encontramo-lo no mais silencioso, no mais simples, no mais humilde. Basta olhar pra Maria, ou pra Eucaristia! Elias não encontrou Deus no vento impetuoso ou no terremoto, mas na brisa suave:

     "Antes do SENHOR, porém, veio um vento impetuoso e forte, que desfazia as montanhas e quebrava os rochedos, mas o SENHOR não estava no vento. Depois do vento houve um terremoto, mas o SENHOR não estava no terremoto. Passado o terremoto, veio um fogo, mas o SENHOR não estava no fogo. E depois do fogo ouviu-se o murmúrio de uma leve brisa. Ouvindo isto, Elias cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da gruta." (1Rs 19, 11ss).

     Portanto, muita prudência e oração neste carnaval! Não nos esqueçamos das ofensas cometidas contra sagrado coração de Jesus nestes dias e da preparação que devemos fazer para a Quaresma. Em breve teremos uma postagem com sugestões para o seu jejum.  

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